Música, resistência e esperança: internas do CPFC recebem grupo de mulheres sambistas em ensaio aberto

 Música, resistência e esperança: internas do CPFC recebem grupo de mulheres sambistas em ensaio aberto

Na tarde desta quinta-feira (29), o som do samba e da resiliência ecoou pelos corredores do Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC). O Coral Maria Marias, formado por 15 internas da unidade, realizou um ensaio aberto ao lado do grupo Movimento das Mulheres Sambistas ES (Muses), em um encontro marcado pela troca de experiências, emoção e fortalecimento de laços por meio da música.

A iniciativa nasceu após uma apresentação conjunta no programa TVE Revista, em abril, quando os dois grupos se conheceram e vislumbraram a possibilidade de compartilhar seus talentos em um novo momento. Sob a condução da maestrina voluntária Simone Vaz Lopes, o coral mantém ensaios semanais dentro da unidade e já se apresentou em eventos diversos, públicos e privados, em todo o Espírito Santo.

“Para este encontro, planejamos um ensaio aberto, com o objetivo de ampliar e aprimorar a técnica musical das participantes, por meio da prática em conjunto daquelas que dão suporte ao coral com os instrumentos”, explicou Simone. “Foi um momento especial de interação e compartilhamento de conhecimento com o Movimento das Mulheres Sambistas. Essa vivência também contribui para que as coristas ganhem mais desenvoltura para futuras apresentações.”

Mais que atividade artística, o coral é encarado como ferramenta de transformação dentro da unidade prisional. A diretora do CPFC, Patrícia Castro, destacou a potência do projeto como instrumento de reintegração social. “A música tem esse poder de ressignificar trajetórias. No Coral Maria Marias, trabalhamos não só a técnica vocal, mas também valores como disciplina, escuta, empatia e trabalho em equipe. A arte humaniza. Ela reconecta.”

Em celebração ao mês das mães, outras internas – especialmente mães privadas de liberdade – foram convidadas a acompanhar o ensaio, vivenciando juntas um momento de descontração e afeto dentro da rotina da unidade. “Foi uma tarde de alegria. Um gesto simples, mas com grande significado”, reforçou a diretora.

Bruna Medeiros, cavaquinista e coordenadora do grupo Muses, compartilhou o impacto do momento vivido. “Esse encontro gerou em nós um sentimento profundo de gratidão. Gratidão por podermos ser um fio condutor levando arte, pertencimento e protagonismo. Representamos um ritmo que está na raiz da nossa cultura. E mais do que isso: levamos esperança para essas mulheres. Julgar não cabe a nós.”

Em tom emocionado, Bruna completou: “O que emanou desse encontro ficou ainda mais evidente na presença das outras internas. Um pequeno e sincero gesto de amor e resiliência humana pode, sim, fazer diferença. Pode resgatar vidas.”

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