Censo 2022 revela retrato inédito sobre pessoas com deficiência e autistas no Espírito Santo

O Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) apresentou nesta semana um estudo que joga luz sobre a realidade de duas populações historicamente invisibilizadas: pessoas com deficiência e diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A análise, intitulada “IJSN no Censo – Pessoas com Deficiência e Pessoas Diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista”, é baseada nos dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE.
No Espírito Santo, 7,2% da população com dois anos ou mais declarou ter algum tipo de deficiência — índice praticamente alinhado ao nacional, que é de 7,3%. As deficiências mais recorrentes estão relacionadas à visão: 3,9% dos capixabas relataram dificuldade para enxergar mesmo com o uso de óculos ou lentes.
A desigualdade social também se manifesta nesses números. Entre a população preta com deficiência no Estado, o analfabetismo atinge 25,5%. Já entre indígenas capixabas com deficiência, a taxa é de 24,3%. O número geral no Estado para pessoas com deficiência com 15 anos ou mais é de 19,4%, enquanto o Piauí lidera negativamente esse índice com alarmantes 38,7%.
O levantamento mostra ainda que 15,4% das residências capixabas têm pelo menos um morador com deficiência — um pouco abaixo da média nacional, de 16%.
A segunda parte do estudo trata dos diagnósticos de autismo. No Espírito Santo, 1,3% da população se declarou diagnosticada com TEA — o que representa mais de 51 mil pessoas. A prevalência aumenta entre indígenas (1,8%) e estudantes com 6 anos ou mais (2,1%).
Entre os homens, o índice de diagnóstico no Estado chega a 3,1%. Já entre os estudantes indígenas capixabas, a taxa salta para 2,3% — o dobro da média brasileira para esse público (1,1%). A Educação de Jovens e Adultos (EJA) aparece com uma proporção expressiva de autistas: 4,4% dos diagnosticados no Estado frequentam esse tipo de curso.
Na faixa etária de 25 anos ou mais, tanto o Espírito Santo quanto o Brasil apresentam o mesmo índice: 0,9%. A taxa de escolarização entre pessoas com TEA e a presença de pelo menos uma pessoa autista por domicílio também foram levantadas no estudo.
O diretor-geral do IJSN, Pablo Lira, ressaltou a importância dos dados: “Dar visibilidade à realidade das pessoas com deficiência e daquelas diagnosticadas com TEA é essencial para promover uma sociedade mais inclusiva. Esses indicadores contribuem para que o debate público e a formulação de políticas sejam baseados em dados concretos, refletindo as necessidades e especificidades dessas populações”.