Comissão de Saúde debate desafios no diagnóstico e tratamento do autismo no Espírito Santo

A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa debateu nesta terça-feira (17) os principais entraves enfrentados por famílias de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com destaque para o diagnóstico precoce e o acesso a terapias especializadas. O encontro reuniu especialistas, parlamentares e representantes de entidades que atuam na defesa dos direitos da pessoa com autismo.
O deputado Fábio Duarte (Rede) chamou atenção para as lacunas na rede de atendimento. “Muitas crianças ainda não têm acesso às terapias que são fundamentais para seu desenvolvimento. E as mães, muitas vezes responsáveis sozinhas por esse cuidado, também carecem de acolhimento”, apontou.
O psicólogo Helder Souza alertou sobre o atraso no diagnóstico. “Os sinais de alerta aparecem por volta dos 22 meses, mas a maior parte dos diagnósticos ocorre entre 4 e 6 anos. Precisamos implementar protocolos de triagem eficazes para acelerar esse processo e encaminhar a criança para intervenção o quanto antes”, defendeu.
Representando a Associação dos Autistas do Espírito Santo (Amaes), Pollyanna Paraguassú denunciou a precariedade do acesso às terapias e a mercantilização dos atendimentos. “Temos uma legislação avançada, mas na prática falta investimento. A banalização dos laudos e a transformação das terapias em negócio são graves e prejudicam nossas crianças”, disse.
Já Heloísa Moraes, também da Amaes, compartilhou sua experiência como mãe de um adolescente com autismo. “No papel, temos uma rede estruturada. Na vida real, falta tudo: profissionais capacitados, atividades que respeitem as potencialidades e acolhimento verdadeiro”, lamentou.
O presidente da Comissão de Saúde, deputado Dr. Bruno Resende (União), destacou a urgência de regionalizar os serviços terapêuticos. “Há um enorme vazio de atendimento especializado no interior do Estado. Precisamos de mais financiamento para garantir o acesso a fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e fisioterapeutas.”
Vanessa Suzana Costa, da Federação das Apaes do Espírito Santo, reforçou o apelo. “Hoje, profissionais de reabilitação são escassos. É urgente discutir novas formas de financiamento e valorização desses profissionais para garantir atendimento de qualidade.”
O debate escancarou uma realidade comum a milhares de famílias capixabas: o descompasso entre direitos assegurados em lei e o que é, de fato, oferecido no cotidiano