O poder que o Sistema tem para destruir lideranças: A queda de Juninho Corrêa

Esta semana, a saga de Juninho Corrêa ganhou mais um capítulo, que pode marcar a maior derrocada de um candidato antes considerado eleito por muitos, inclusive pela oposição, para prefeito de Cachoeiro. Em uma ascensão meteórica, o empresário José Carlos Corrêa Júnior, mais conhecido como Juninho da Cofril, emergiu como o vereador mais votado nas eleições de 2020. Adotando a bandeira da extrema direita local, ele posicionou-se claramente contra o prefeito atual e rapidamente seu nome começou a ressoar como possível sucessor ao “trono” do Palácio Bernardino Monteiro.
Dois anos depois, Juninho candidatou-se a Deputado Federal e novamente alcançou um recorde de votos, ficando como primeiro suplente com quase 40 mil votos, dos quais 22 mil vieram só de Cachoeiro, consolidando ainda mais sua posição como principal candidato a prefeito na próxima eleição.
Entretanto, em menos de um ano, desencontros entre Juninho e líderes do PL, como o deputado Wellington Callegari e o senador Magno Malta, além de uma falta de habilidade em aglutinar apoio de forma orgânica, levaram-no a uma decisão surpreendente. Juninho decidiu retirar-se da vida política, alegando descontentamento e expressando o desejo de retornar ao seu “primeiro amor” e estudar para virar padre, um interesse que já possuía antes mesmo de entrar na política.
A decisão deixou todos incrédulos e desencadeou especulações sobre os verdadeiros motivos de sua saída, num momento em que ele liderava todas as pesquisas com folga. Alguns sugeriram desavenças com Magno Malta, apesar do senador ter proporcionado a Juninho a oportunidade de organizar um churrasco para o ex-presidente Jair Bolsonaro, um gesto de grande prestígio. Outros falavam de uma possível perseguição à empresa de seu pai, recentemente filiado ao Progressistas e nomeado vice-presidente do partido liderado por Ferraço.
Mas os motivos reais podem estar perto de ser descobertos pois as coisas tomaram um novo rumo na última segunda-feira, quando os veículos de comunicação anunciaram que Ferraço indicaria Juninho como seu vice na chapa para prefeito, com apoio do Partido Novo, Progressista e MDB. Na terça-feira, em uma coletiva de imprensa, Juninho informou que estava reconsiderando sua saída da política e se colocava à disposição, embora não tenha esclarecido se seria vice, cabeça de chapa ou até mesmo não vir a nada.
Nos bastidores, fala-se da insistência incômoda do empresário Tales Machado para que Ferraço, Juninho ou Zezé da Cofril liderassem a chapa. Essa pressão tem causado desconforto não só entre a família de Theodorico Ferraço, que entende que o deputado não tem condições de conduzir uma campanha eleitoral exaustiva, mas também em Juninho, que mostrou clara insatisfação durante a coletiva e não respondeu claramente a nenhuma pergunta, deixando todos os jornalistas com a mesma dúvida: “Ele vem, ou não vem?”
Tales Machado, por sua vez, é retratado pelas mídias estaduais como alguém que não se envolve em batalhas incertas e, com essa brincadeira, conseguiu desmantelar a imagem de Juninho, que de promessa política transformou-se em chacota. Tales continua parecendo um menino que brinca de política.
Nos bastidores, espera-se que Ed Martins, presidente do Sindirochas e com mais traquejo político, assuma a condução desse caos, que em outros tempos poderia ser visto como uma manobra orquestrada.
Por fim, o que foi encomendado, foi entregue. Este episódio é um exemplo claro de como a dinâmica do poder pode moldar ou mesmo destruir carreiras políticas.