Rodovias federais do ES enfrentam gargalos, alto índice de mortes e desafios logísticos, aponta PRF

 Rodovias federais do ES enfrentam gargalos, alto índice de mortes e desafios logísticos, aponta PRF

A Comissão Especial de Fiscalização da Infraestrutura da BR-101, BR-262 e Rodosol, presidida pelo deputado Gandini (PSD), recebeu nesta quarta-feira (18) o chefe da delegacia da PRF em Linhares, Carlos Alessandro Ravani, que apresentou um panorama preocupante: entre janeiro e maio de 2025, mais de 60% das mortes registradas em rodovias federais no Espírito Santo ocorreram na BR-101.

Apesar do número expressivo, Ravani destacou que a duplicação da rodovia não pode ser apontada como causa direta do aumento de acidentes, já que os trechos duplicados concentram mais ocorrências justamente por cruzarem áreas urbanas densas, como Serra, Viana, Linhares e São Mateus. “A duplicação é fundamental, mas não resolve todos os problemas de segurança. É preciso pensar também na estrutura para pedestres e na complexidade dos fluxos locais”, afirmou.

O policial também chamou atenção para o aumento no número de motocicletas em circulação — crescimento de 24% no último ano — e o impacto disso nos índices de sinistros. Com uma renda média de R$ 3 mil, a motocicleta tornou-se principal meio de transporte para muitas famílias, o que reforça a necessidade de projetos de infraestrutura adaptados à nova realidade viária.

Entre janeiro e maio de 2025, foram 67 mortes nas BRs capixabas — ligeira queda em relação ao mesmo período de 2024 (73 óbitos). No total daquele ano, 176 pessoas perderam a vida, sendo 114 só na BR-101.

Outros números revelam a atuação intensa da PRF: 98 veículos roubados recuperados (média de uma ocorrência a cada 36 horas), 386 prisões efetuadas, 21 apreensões relacionadas a drogas totalizando quase uma tonelada e ações educativas promovidas em parceria com outras instituições.

Cruzamentos perigosos e demandas locais

Gargalos urbanos como os cruzamentos em Jaguaré, Pinheiros e Serra foram apontados como críticos. Gandini destacou que os deputados conhecem esses problemas de perto e pretendem encaminhar propostas de solução ao órgão federal. Ravani reforçou que, embora a construção de contornos seja a solução ideal, sua viabilidade depende de investimentos robustos — cabendo, no curto prazo, ações educativas e de engenharia local para evitar tragédias.

Críticas à conduta de caminhoneiros

O aposentado Ivan Soella relatou práticas abusivas de caminhoneiros, como uso de faróis, aproximação intimidadora e buzinas a ar para forçar ultrapassagens. Ravani respondeu que, apesar das limitações da legislação — que exige viaturas caracterizadas —, a PRF aplicou quase 800 mil multas por excesso de velocidade em 2024, por meio de radares fixos e móveis.

Rodovias ainda são entrave para o desenvolvimento

Ao final, Gandini resumiu a realidade capixaba: “Rodovia federal é sinônimo de desafio. A BR-101 tem uma solução em andamento. A 262 será parcialmente contemplada com recursos do acordo de repactuação de Mariana. Mas ainda é preciso romper com barreiras logísticas que há anos atrasam o Espírito Santo.”

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