Ataque dos EUA ao Irã é alvo de críticas após contradições e ação sem aval do Congresso

 Ataque dos EUA ao Irã é alvo de críticas após contradições e ação sem aval do Congresso

O recente ataque militar dos Estados Unidos contra instalações nucleares no Irã, realizado na madrugada desse sábado, gerou uma onda de críticas internas e internacionais — não apenas pelo potencial de escalada no Oriente Médio, mas também pelas inconsistências entre a justificativa oficial da Casa Branca e informações divulgadas anteriormente pelos próprios serviços de inteligência norte-americanos.

Em março deste ano, o diretor nacional de Inteligência, Tulsi Gabbard, declarou publicamente que “o Irã não está desenvolvendo uma arma nuclear” e que não havia indícios de que o país havia reativado seu programa atômico. A fala, dada em audiência no Senado, contrasta frontalmente com o argumento utilizado pelo presidente Donald Trump para justificar a operação batizada de Midnight Hammer, que destruiu as usinas de Fordow, Natanz e Isfahan.

Sem autorização do Congresso

O ataque foi realizado sem aprovação do Congresso, acendendo alertas constitucionais nos EUA. Legisladores democratas e parte da bancada republicana afirmam que a ação violou a Lei dos Poderes de Guerra de 1973, que exige autorização legislativa para operações militares de grande escala, exceto em casos de ameaça iminente — o que, segundo os próprios relatórios de inteligência, não se aplicaria à situação iraniana.

Para o senador Chris Murphy (Democrata-CT), membro do Comitê de Relações Exteriores, “o presidente agiu unilateralmente, atropelando o Congresso e colocando o país no caminho de mais uma guerra desnecessária”. Outros parlamentares, como Alexandria Ocasio-Cortez e Bernie Sanders, classificaram a decisão como “ilegal” e já cogitam abrir novo processo de impeachment contra Trump.

O que a Palestina tem a ver com isso?

O Irã é historicamente aliado de grupos como Hamas e Jihad Islâmica Palestina, que atuam na Faixa de Gaza em oposição a Israel. O apoio financeiro, militar e ideológico do Irã a essas organizações reforça sua posição no chamado “Eixo da Resistência”, o que o torna um alvo recorrente tanto de Israel quanto dos EUA. Desde o início da guerra em Gaza, o Irã passou a ser apontado como patrocinador indireto do conflito, embora nenhuma ligação direta entre suas instalações nucleares e o Hamas tenha sido formalmente comprovada.

Reações internacionais e riscos

A ONU, União Europeia, China e Rússia condenaram o ataque, que pode desencadear uma nova crise global. O governo iraniano prometeu “resposta proporcional e duradoura”. Especialistas alertam para o risco de o Estreito de Hormuz — rota estratégica do petróleo — ser bloqueado, o que já pressiona os mercados internacionais.

Analistas jurídicos também questionam a legalidade da operação. “Trata-se de uma violação clara do equilíbrio de poderes. Um presidente não pode declarar guerra por conta própria”, disse o constitucionalista Michael Ramsey.

Conclusão

A ofensiva norte-americana, além de expor fragilidades institucionais dentro dos EUA, coloca em xeque a legitimidade das justificativas de guerra em pleno século XXI. A ausência de transparência, o desrespeito às vias democráticas e a imprevisibilidade diplomática fazem deste episódio não apenas um ataque militar, mas um sério abalo ao próprio modelo de freios e contrapesos que sustenta a democracia norte-americana

Postagem relacionada

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *