Produtos de festa junina têm, em média, 35% de seu valor voltado para impostos

 Produtos de festa junina têm, em média, 35% de seu valor voltado para impostos

Levantamento foi feito com 30 itens, entre vestuário, alimentos e bebidas. O campeão de tributos foi o vinho importado, com 64,57% de seu preço final destinado aos cofres públicos

A alegria das festas juninas vem acompanhada de comidas típicas, roupas coloridas e muita tradição, mas também de uma carga tributária que pesa no bolso. Levantamento feito pelo advogado tributarista e empresarial Samir Nemer, revela que os produtos típicos dessa época do ano têm, em média, 35,23% de seu valor final comprometido com tributos.

Foram analisados 30 itens comuns nas festas juninas, entre alimentos, bebidas e vestuário. O campeão da tributação é o vinho importado, com 64,57% de impostos embutidos no preço. Na sequência aparecem fogos de artifício (58,56%), quentão (47,24%), vinho nacional (45,56%) e cachaça (43,86%).

“São produtos que fazem parte da cultura popular, mas que sofrem forte incidência de tributos indiretos, que o consumidor paga sem perceber. Esses tributos estão embutidos no valor final, o que torna a festa junina mais cara do que parece”, explicou o especialista, que é sócio do escritório FurtadoNemer Advogados e mestre em Direito Tributário.

foto Fábio Nunes.

Entre os doces e alimentos tradicionais, os percentuais também chamam atenção. Paçoca e pé de moleque têm 39,21% de carga tributária, enquanto a canjica soma 37,22%, a cocada, 36,98%, e o leite condensado, 35,78%. Já o amendoim, presente em diversas receitas, chega a 34,58%.

Os trajes típicos também não escapam. Vestido caipira (34,67%), camisa xadrez (34,58%), chapéu de palha (34,58%) e até o cinto de couro (40,72%) são fortemente tributados. “É um efeito cascata. Cada etapa da produção e comercialização é tributada, o que encarece o produto final”, ressaltou Nemer.

O especialista lembra que, no Brasil, o sistema tributário é centrado na taxação do consumo, o que impacta com mais força a população de renda mais baixa. “Quanto menor a renda, maior o peso proporcional desses impostos no orçamento familiar. É um sistema regressivo e injusto”, afirmou.

Outro ponto destacado no levantamento é a grande variação entre os produtos. Alimentos básicos como arroz (17,51%), leite longa vida (19,67%), ovos (20,87%) e fubá de milho (15,55%) apresentam carga tributária menor, mas ainda significativa. Já o pinhão, típico do Sul do país, tem 36,98% de tributos.

Segundo Nemer, a ideia do levantamento é justamente promover o conhecimento sobre o impacto dos tributos no consumo diário do brasileiro. “É importante que o cidadão saiba o quanto está pagando de imposto, mesmo sem ver. Esse tipo de informação permite decisões mais conscientes e também a cobrança por uma aplicação eficiente dos recursos públicos”, declarou.

 

Produtos típicos da festa junina e seus tributos

Vinho importado – 64,57%

Fogos de artifício – 58,56%

Quentão – 47,24%

Vinho nacional – 45,56%

Cachaça – 43,86%

Cinto de couro – 40,72%

Cerveja – 39,70%

Paçoca e pé de moleque – 39,21%

Chocolates – 38,25%

Canjica – 37,22%

Pipoca (micro-ondas) e milho em conserva – 36,50%

Cocada e pinhão – 36,98%

Refrigerantes – 36,56%

Leite condensado – 35,78%

Vestido típico – 34,67%

Amendoim – 34,58%

Camisa xadrez e chapéu de palha – 34,58%

Açúcar cristal e milho cozido – 29,47%

Queijo minas – 26,14%

Maçã – 23,30%

Farinha de trigo – 22,99%

Ovos – 20,87%

Arroz – 17,51%

Leite tipo longa vida – 19,67%

Fubá de milho – 15,55%

Fonte: Levantamento do advogado tributarista empresarial Samir Nemer, com base no site Impostômetro. 

Foto capa: Freepik.

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