Leitura perde espaço no país e cresce a dificuldade de compreensão entre brasileiros

 Leitura perde espaço no país e cresce a dificuldade de compreensão entre brasileiros

18/01/2024 – Idosos participam de aulão de redação para vestibular da UnB Aulão de redação promovido pela Biblioteca Pública de Ceilândia na noite desta quarta-feira (17). A aula foi repetida nesta quinta-feira (18). Durante os estudos, os vestibulandos aprenderam técnicas de redação que serão cobradas na prova da UnB. Foto: Joel Rodrigues/ Agência Brasília

O Brasil vive um momento de preocupação no que se refere ao hábito da leitura. Em uma população de mais de 200 milhões de pessoas, aproximadamente 53% não se consideram leitores — ou seja, não leram nenhum livro nos últimos três meses. Dados da sexta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró‑Livro e pelo então Ministério da Cultura, revelam que o percentual de leitores caiu para 47% em 2024, ante 55% registrados em 2007.


Além da diminuição no hábito de ler, o estudo aponta para um aperto nas habilidades de compreensão textual: 36% dos entrevistados admitem enfrentar dificuldade em se concentrar ou entender o que leem, e o número das pessoas que não têm paciência para a leitura saltou de 18% em 2007 para 40% em 2024.

Especialistas em educação destacam que esse cenário agrava o fenômeno chamado de “analfabetismo funcional” — situação em que o indivíduo reconhece letras e números, mas não consegue interpretar textos ou utilizá-los de forma significativa no cotidiano. A condição interfere diretamente na cidadania, na inserção no mercado de trabalho e na participação social plena.


Durante pronunciamento em meados de outubro, o senador Confúcio Moura ressaltou que apesar de milhões de alunos estarem dentro das escolas, muitos deixam o sistema de ensino sem aprender o mínimo esperado. Ele alertou que esse colapso na alfabetização compromete a produtividade, a inclusão social e o futuro do país.

A influência das telas e dos formatos de informação rápida aparece como um dos fatores para a queda do interesse pela leitura tradicional. Segundo o professor Adauto Garcia Júnior, da UNASP – Universidade Adventista de São Paulo, os estímulos instantâneos das redes sociais acabam reduzindo a capacidade de foco exigida por um livro.


Enquanto isso, apenas 5% dos brasileiros afirmam contar com bibliotecas públicas como fonte principal de acesso a livros, e 75% nunca frequentaram uma dessas instituições — contra 68% em 2019. Isso mostra que mesmo com infraestrutura avaliada como adequada, a percepção e o interesse continuam baixos.

No âmbito das políticas públicas, o novo Plano Nacional de Educação (PNE), em análise no Congresso, busca garantir que todas as crianças estejam plenamente alfabetizadas até o segundo ano do ensino fundamental. Junto a ele, o Sistema Nacional de Educação (SNE), recém-aprovado pelo Senado e aguardando sanção, pretende articular União, estados e municípios para maior coerência nas ações educacionais.
Projetos de lei que visam fortalecer bibliotecas públicas e escolares, incentivar leitores e articular parcerias com instituições também estão sendo debatidos. Entre eles, destaca-se o PL 286/2024, que altera a Política Nacional de Leitura e Escrita para reforçar o papel dos bibliotecários e fomentar a leitura em todo o país.

Fonte: Agencia Senado

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