Papa Francisco morre aos 88 anos: um líder religioso com influência política global

A morte do Papa Francisco, nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, não representa apenas o fim de um pontificado. Marca o encerramento de um ciclo em que o Vaticano se tornou protagonista de importantes debates sociais, econômicos e políticos em escala mundial.
Desde que assumiu o comando da Igreja Católica, em 2013, Jorge Mario Bergoglio — o primeiro papa latino-americano e jesuíta — atuou muito além dos limites da fé. Suas posições firmes em defesa do meio ambiente, dos pobres, dos migrantes e dos direitos humanos ecoaram em fóruns internacionais, incomodaram lideranças conservadoras e influenciaram a política de diversos países.
Voz global por justiça social e ambiental
Francisco foi um crítico do modelo econômico excludente e do consumismo desenfreado. Encíclicas como Laudato Si’ (2015), que tratou da crise climática, colocaram o Vaticano na linha de frente do ativismo ambiental. Ele também denunciou as desigualdades sociais como raízes de conflitos e migrações forçadas, defendendo uma economia centrada nas pessoas e não no lucro.
A abordagem política do Papa nunca foi partidária, mas suas palavras e ações tiveram peso estratégico. Em meio a guerras, crises humanitárias e tensões diplomáticas, o pontífice buscou sempre mediar diálogos e promover a paz — inclusive em iniciativas discretas de bastidores, como o reatamento entre Cuba e Estados Unidos, no governo Obama.
Impacto para a Igreja e para o mundo
Com sua morte, o Vaticano perde uma figura que soube articular fé e diplomacia com habilidade rara. Para além das mudanças internas na Igreja — que envolvem desde a simplificação da estrutura da Cúria até o debate sobre maior participação feminina —, a ausência de Francisco abre espaço para incertezas quanto ao perfil de seu sucessor e à continuidade de sua visão humanista.
Em um cenário mundial marcado por tensões políticas, autoritarismo crescente e desafios climáticos urgentes, a voz do Papa Francisco será lembrada como um contraponto lúcido, coerente e corajoso.
A escolha do próximo Papa, a ser feita em conclave nos próximos dias, definirá não apenas o futuro da Igreja Católica, mas também o grau de influência que o Vaticano seguirá exercendo nas grandes pautas da humanidade.