São Roque do Canaã pode se tornar Capital Estadual da Cachaça: tradição, economia e política em debate na Ales

 São Roque do Canaã pode se tornar Capital Estadual da Cachaça: tradição, economia e política em debate na Ales

A deputada estadual Raquel Lessa (PP) apresentou o Projeto de Lei 511/2025, que propõe reconhecer São Roque do Canaã como a Capital Estadual do Circuito das Cachaças, Aguardentes e Agroindústrias. A medida, que tramita na Assembleia Legislativa (Ales), pretende valorizar a tradição e a qualidade da produção local, ao mesmo tempo em que reforça o peso econômico e turístico da bebida no Espírito Santo.

A importância da cachaça para a identidade capixaba

A cachaça não é apenas uma bebida; é um patrimônio cultural e histórico do Brasil. No Espírito Santo, ela desempenha papel central na economia rural, especialmente em regiões de agricultura familiar. São Roque do Canaã, com seus diversos alambiques artesanais e agroindústrias, é um exemplo claro disso.

Produzida de forma artesanal, a cachaça carrega saberes transmitidos de geração em geração, preservando tradições que se misturam com a identidade capixaba. Além da produção, eventos e festivais dedicados à bebida movimentam o turismo rural, fortalecem a gastronomia local e atraem visitantes interessados em experiências culturais autênticas.

De acordo com Raquel Lessa, a produção local já é referência pela “qualidade, tradição e autenticidade”, consolidando o município como um dos polos mais importantes do setor. O título oficial serviria não apenas como reconhecimento, mas também como estratégia para fortalecer a marca regional e ampliar o alcance da cachaça capixaba no mercado nacional.

Impacto econômico e potencial de crescimento

A cadeia produtiva da cachaça vai muito além do copo. Ela envolve agricultura, indústria, comércio e turismo. Em São Roque do Canaã, alambiques e pequenas agroindústrias geram emprego, renda e sucessão familiar no campo — elementos fundamentais para a manutenção da vida no interior.

A valorização da cachaça pode ainda abrir portas para certificações de qualidade, exportações e roteiros turísticos integrados, como já ocorre em outros estados com forte tradição na bebida, como Minas Gerais e Paraíba. Nesse sentido, o Espírito Santo busca ocupar um espaço de maior protagonismo no cenário nacional.

Dois projetos, um mesmo tema: por que não unir forças?

Apesar da relevância do tema, a Assembleia Legislativa discute dois projetos distintos sobre a mesma vocação do município. Além do PL 511/2025, de Raquel Lessa, tramita o PL 433/2024, de autoria do deputado Coronel Weliton (PRD), que cria o Circuito das Águas Ardentes com foco no turismo local.

A existência de propostas paralelas levanta um debate sobre a prática legislativa: por que não unificar esforços em torno de um único projeto mais robusto, capaz de economizar tempo e dinheiro público?

A tramitação de matérias semelhantes em comissões diferentes exige mais análises técnicas, mais discussões e mais recursos administrativos, prolongando um processo que poderia ser simplificado. Para especialistas em gestão pública, a sobreposição de projetos não apenas atrasa a efetividade das políticas, como também gera desgaste político e financeiro — afinal, tempo no Legislativo é também custo para o contribuinte.

Entre tradição e política

O debate em torno da cachaça capixaba vai muito além do título simbólico. Ele reflete uma busca por reconhecimento cultural, desenvolvimento econômico sustentável e fortalecimento do turismo. Ao mesmo tempo, expõe a necessidade de maior articulação entre os parlamentares para garantir que as iniciativas não se sobreponham, mas se complementem.

Seja pela rota turística, seja pelo título oficial, São Roque do Canaã já se consolida como destino certo para quem deseja conhecer a autenticidade da cachaça do Espírito Santo. Agora, resta saber se os deputados capixabas saberão brindar à união em prol do interesse público — ou se continuarão em caminhos paralelos que, ao final, podem custar mais caro ao cidadão.

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