Audiência pública na Ales debate o enfrentamento ao feminicídio de mulheres negras

 Audiência pública na Ales debate o enfrentamento ao feminicídio de mulheres negras

Dados alarmantes marcaram a audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Espírito Santo nesta quinta-feira (3). Com o tema “Violência de Gênero e Raça: desafios do enfrentamento ao feminicídio de mulheres negras no Espírito Santo”, o debate trouxe vozes de lideranças políticas e sociais para discutir a dura realidade enfrentada por mulheres negras no país.

Segundo a deputada Camila Valadão (Psol), presidente da Comissão, 62% das vítimas de feminicídio no Brasil são negras — uma consequência de uma estrutura social marcada pelo racismo e pelo machismo. “Nós chegamos aqui desobedecendo essa sociedade estruturalmente desigual”, afirmou a parlamentar, ao ressaltar a resistência das mulheres negras diante de um sistema excludente.

A idealizadora da audiência, Nelma Monteiro, doutora em educação e presidente do Instituto Elimu Kleber Maciel, denunciou a violência política que atinge parlamentares negras e cobrou maior representatividade no Congresso. “O Congresso brasileiro hoje tem cor. Qual é a cor? Cor branca”, pontuou, defendendo que as próximas eleições sejam pautadas por um olhar atento à luta antirracista.

A defensora pública Fernanda Prugner, coordenadora de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres, reforçou que a maioria das vítimas que chegam à Defensoria são negras e periféricas. Ela destacou o aumento da violência sexual contra meninas de 10 a 17 anos e a invisibilidade da violência obstétrica, também com forte recorte racial. Fernanda ressaltou a importância da recém-aprovada Lei da Violência Obstétrica (Lei 12.194/2024), de autoria da deputada Camila Valadão.

O encontro reforçou a urgência de políticas públicas efetivas e da presença de mulheres negras em espaços de poder como elemento central no enfrentamento à violência de gênero e raça.

 Foto: Natan de Oliveira

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