A Escola do Legislativo e o Despertar da Cidadania Capixaba

Em tempos de desinformação e crescente desinteresse político, quando tudo parece tão distante do cidadão comum, a Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa do Espírito Santo vai na contramão do descompromisso institucional e planta algo precioso: a semente da participação.
Não se trata apenas de formar servidores públicos – embora isso já fosse, por si só, missão nobre e necessária. Trata-se, sobretudo, de reconhecer que uma democracia só amadurece quando educa o povo sobre seus próprios mecanismos. A recente decisão de abrir vagas nos cursos para o público externo é mais do que um gesto de inclusão: é um convite ao pertencimento.
Enquanto muitos ainda associam o Legislativo à burocracia e aos escândalos pontuais que dominam os noticiários, a Escola aposta em uma política de aproximação. Oferecer cursos como “Licitações e Contratos Administrativos” ou “Primeiros Socorros” a cidadãos comuns não é banal — é revolucionário. Ensinar como funciona a engrenagem da máquina pública é, paradoxalmente, a melhor forma de desafiar e fiscalizar essa mesma máquina. Instrução gera autonomia.
A inovação, no entanto, não para por aí. Os projetos voltados aos estudantes revelam uma preocupação que vai além do agora. Permitir que jovens do ensino médio vivenciem um dia como deputados, que universitários acompanhem com atenção sessões parlamentares, ou que crianças descubram o que é um projeto de lei, não é apenas didático. É simbólico. É a demonstração prática de que os espaços do poder não pertencem a uma casta, mas a todos nós.
O diretor da Escola, Sergio Majeski, não esconde sua ambição de multiplicar essas experiências. E ainda bem. Porque enquanto outros investem em cercas invisíveis para manter o povo afastado dos centros decisórios, a Escola do Legislativo aposta em pontes. E pontes, todos sabemos, são mais difíceis de construir — mas infinitamente mais úteis.
O Espírito Santo ganha muito com essa postura educativa, inclusiva e moderna. Porque quanto mais cidadãos souberem como as leis nascem, mais preparados estarão para reivindicar, propor, corrigir e — por que não? — legislar no futuro. Em tempos de polarização, formar cidadãos conscientes é um ato de coragem. E de esperança.
Que os próximos semestres tragam ainda mais vagas, mais encontros e, principalmente, mais gente disposta a descobrir que o Parlamento é lugar de todos — inclusive seu.
Foto Lucas S. Costa