Adultério, cultura e cruz: quando a traição vira espetáculo e a graça, escândalo.

Em julho de 2025, dois casos de adultério tomaram conta das redes sociais. No Rio Grande do Sul, uma mulher grávida, transformou o chá revelação do seu bebê em uma denúncia pública de traição. Em vez de anunciar o sexo da criança, revelou as infidelidades do companheiro diante de amigos e familiares. O vídeo viralizou. Já nos Estados Unidos, durante um show do Coldplay, um CEO foi filmado abraçando sua amante enquanto era casado. A gravação correu o mundo e resultou em sua renúncia. Em ambos os casos, o que era privado virou espetáculo. O adultério se tornou entretenimento. Mas por trás do escândalo, existe dor, vergonha, culpa e desconfiança.
Mais do que incidentes isolados, esses casos revelam uma cultura que normaliza a traição, especialmente entre os homens. Muitas vezes, a infidelidade é tratada como esperteza ou necessidade biológica, enquanto a fidelidade é vista como fraqueza. A sociedade costuma desculpar o homem que trai e ridicularizar a mulher traída. Isso fere a dignidade do casamento e banaliza a vocação que Deus dá ao marido e à esposa: refletir o amor fiel de Cristo por sua Igreja. Trair é mentir com o corpo aquilo que se prometeu com a boca diante de Deus. Não é só uma questão moral, é uma ruptura espiritual.
À luz da teologia da cruz, o adultério não é tratado com leviandade, mas também não é tratado como fim da linha. O adúltero não precisa se esconder atrás de desculpas, e o traído não precisa carregar sozinho a dor. Ambos são chamados à cruz, onde a verdade é revelada: a verdade sobre o pecado, mas também a verdade sobre a graça. A cruz não apaga o que foi feito, mas oferece um novo começo. Nem sempre haverá reconciliação conjugal, mas sempre haverá reconciliação com Deus. E é desse encontro com Cristo crucificado que pode nascer uma nova fidelidade, não baseada em promessas humanas frágeis, mas na fidelidade inabalável de Deus.