Linfedema: o Espírito Santo dá um passo firme onde o Brasil ainda tropeça

 Linfedema: o Espírito Santo dá um passo firme onde o Brasil ainda tropeça

Numa conjuntura em que o sistema público de saúde frequentemente responde com morosidade a doenças crônicas e pouco conhecidas, o Espírito Santo acaba de aprovar uma lei que pode — e deve — servir de exemplo nacional. Com a promulgação da Lei 12.467/2025, o Estado institui oficialmente o Programa de Diagnóstico e Tratamento do Linfedema. Um gesto de humanidade e responsabilidade diante de um problema real que por anos ficou à margem das prioridades públicas.

O linfedema, para quem ainda desconhece, não é apenas um “inchaço”. Trata-se de uma condição que causa acúmulo de líquido linfático nos tecidos, gerando dor, desconforto, limitações físicas, e, muitas vezes, impactos profundos na saúde emocional dos pacientes. E é justamente nesse ponto — ao tratar do físico e do psicológico ao mesmo tempo — que a nova lei acerta em cheio.

Proposta pelo deputado Adilson Espindula (PSD) e sancionada com apoio do presidente da Ales, Marcelo Santos (União), a norma reconhece o que deveria ser óbvio: quem sofre com linfedema não pode esperar. O tratamento envolve fisioterapia específica, drenagem linfática, acompanhamento médico contínuo e, em muitos casos, suporte psicológico. É um cuidado complexo — e que não pode ser delegado à sorte ou à iniciativa individual.

Outro mérito do programa é a criação de campanhas de conscientização e de um banco de dados estadual. Isso não apenas ajuda na identificação precoce da doença, como também serve de base para formulação de políticas mais eficazes, rompendo o ciclo vicioso da invisibilidade estatística. Afinal, o que não é medido não é priorizado — e o linfedema, por muito tempo, foi vítima disso.

Mais do que uma política pública, o que está em jogo aqui é a devolução da dignidade a quem por vezes se sente abandonado pelo próprio corpo — e pelo Estado. É sobre olhar para além das doenças que ocupam os grandes holofotes, reconhecendo que as dores silenciosas também merecem escuta, estrutura e cuidado.

Que a lei agora saia do papel com a mesma seriedade com que foi aprovada. Porque quando o Estado se compromete com o tratamento integral de seus cidadãos, ele não apenas cumpre seu dever constitucional — ele se torna mais justo, mais próximo e mais humano. E é esse tipo de saúde pública que o Brasil precisa multiplicar.

Postagem relacionada

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *